terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Os Estados Unidos: Breve História.




Os Estados Unidos é o país com mais força política e econômica no mundo contemporâneo, para se entender esse poder, é preciso entender como se deu a sua história, a partir da sua independência.
Seu PIB é o primeiro do mundo, com cerca de 18 trilhões de dólares e renda per capta de 55 mil dólares/ano (6º maior do mundo)

É o 5º país no Rankking do IDH (0,914), mesmo com uma população de mais de 300 milhões de habitantes (dados de 2017). 

A princípio a Inglaterra não se ocupou com o novo território, somente a partir de 1620 começaram a chegar imigrantes para povoar a costa leste, dando origem às treze colônias britânicas.  

Colônias do norte: Onde hoje se encontram estados como o de Nova Iorque, Pensilvânia, Connecticut, Nova Jersey, Delaware, Massachusetts e outros. Foi colonizada por protestantes europeus, principalmente ingleses (mas também Irlandeses, alemães entre outros) que fugiam das perseguições religiosas. Tinham o objetivo de transformar a região num próspero lugar para habitação de suas famílias. Foi chamado de Nova Inglaterra. Sofreu colonização de povoamento com mão de obra livre, comércios, pequenas propriedades e produção voltada para o mercado interno. 
Colônias do sul: Estados como a Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia. Sofreram uma colonização de exploração. Eram exploradas pela Inglaterra e só podiam comercializar com esse país. Eram baseadas no latifúndio (grandes propriedades rurais), Mão de obra escrava, produção para exportação e monocultura (cultivo de um só produto como fumo, algodão)

Fatores que influenciaram a Independência
A partir de 1754 se dá o início da deterioração das relações políticas entre as treze colônias britânicas na América do Norte e a sua metrópole, que levou ao início à luta pela independência. A principal razão foi a presença política e econômica, forçada, cada vez maior do governo britânico.
A luta foi de início, pacífica. Porém, as crescentes tensões entre as Treze Colônias e o Reino Unido levaram ao início da Independência.
- Influência do Iluminismo: Todo povo tem o direito de lutar pela sua liberdade, pela sua autonomia, de lutar contra a tirania e a opressão;

- Guerra dos Sete Anos (1756/1763) entre Inglaterra e França: Entre os anos de 1756 e 1763 ocorreu a chamada Guerra dos 7 Anos, onde a Inglaterra e a França lutaram pela posse dos territórios da América do Norte e a Inglaterra venceu. Mas as consequências do território devastado pelas batalhas caíram sobre os colonos que o habitavam, principalmente os que habitavam o norte: os colonos que ajudaram na guerra, reivindicaram algo em troca por terem arriscado suas vidas e as de suas famílias, contudo, a Inglaterra não só os ignorou como aumentou os impostos para se recuperarem mais rápido da guerra, já que o território havia sido afetado. E também criou novas leis que tiravam a liberdade dos norte-americanos, cheias de restrições que desagradaram os colonos;

- Lei do açúcar (1764): Criação de impostos sobre o comércio de açúcar ou melaço provenientes de territórios não dominados pela Inglaterra, como o Caribe. Dessa forma, forçava os colonos a comprarem açúcar da metrópole;

- Lei do selo (1765): O selo do governo britânico passa a ser obrigatório em qualquer tipo de publicação impressa (livros, revistas, jornais, etc) que circulasse nas treze colônias e tinha alto valor de custo;

- Lei do Chá (1773) – Boston Tea Party: Imposto cobrado pelo governo inglês que mais provoca descontentamento. Ela determina que a partir dessa data, o governo iria monopolizar o comércio de chá com os colonos através da Companhia das Índias Orientais Britânicas. Os colonos de Boston, Massachusetts, que realizavam esse comércio livremente, não gostaram da medida e resolveram reagir através de um ataque ao porto de Boston invadindo os porões das embarcações dos navios ingleses com carregamentos de chá e jogam tudo ao mar. O que causou medidas ainda mais repressoras por parte da Inglaterra sobre os colonos;

- Leis intoleráveis (1774): São várias, como o fornecimento de casas dos colonos para tropas britânicas caso necessário; o fechamento do porto de Boston; Suspensão das reuniões de colonos; Impedimento de qualquer manifestação pública contrária à Inglaterra; entre outras. As leis intoleráveis causaram a reação das elites coloniais americanas e realizaram o primeiro Congresso da Filadélfia, em 1774. 

Processo revolucionário 

1º Congresso da Filadélfia (1774) – Os treze representantes das colônias se reúnem para definir os rumos do processo de emancipação. Mas não chegam a um consenso para uma guerra de separação, mas decidiram pedir ao governo inglês a revogação das Leis Intoleráveis. O que não foi atendido. 
2º Congresso da Filadélfia (1775) – Os representantes chegam a um consenso que se deve chegar a uma guerra de independência. 

Principais líderes
George Washington: Líder das tropas americanas. Se torna o primeiro presidente dos Estados Unidos. 
Thomas Jefferson: Redator da Declaração de Independência dos Estados Unidos, em 4 de Julho de 1776. 
Benjamim Franklin: Conseguiu o apoio de países da Europa no reconhecimento da independência.

A 4 de julho de 1776, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Declaração de Independência. O seu principal autor foi Thomas Jefferson. O Congresso publicou a Declaração de Independência de várias formas. No começo foi publicada como uma folha de papel impressa de grande formato que foi largamente distribuída e lida pelo público.
Filosoficamente, a Declaração acentuou dois temas: os direitos individuais e o direito de revolução. Estas ideias tornaram–se largamente apoiadas pelos americanos e também se difundiram internacionalmente, influenciando em particular a Revolução Francesa.

A Constituição norte americana
Escrita em 1787 na Filadélfia, a Constituição dos Estados Unidos da América é a lei fundamental do sistema federal do governo dos Estados Unidos e o documento de referência do mundo Ocidental. Esta é a mais antiga constituição nacional escrita que está em uso até hoje.

A Constituição Norte-americana é um dos documentos que dá base à declaração dos Direitos Humanos da ONU de 1948.  
Dica de Filme: O Patriota e Gangues de Nova York

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

GEO FOTO GRAFIA




Você é dessas pessoas que adoram fotografar tudo o que vê por aí? Adora fazer uma selfie, mas nunca pensou sobre a História da fotografia e nem na importância da linguagem fotográfica? 

O século XIX foi um período de inovações e nesse momento de intensas mudanças, de progresso e modernidade, surgem as primeiras fotografias. No Brasil, o maior fotógrafo desse período é D. Pedro II, um homem fascinado pelas imagens captadas pelas primeiras câmeras, trazidas da França. Ele deixou inúmeras fotos, que podem ser encontradas em acervos particulares e na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Ele fotografava suas viagens, obras do Império, a Família Real, a natureza brasileira e tudo o que era pertinente para ele. Imagine quão rico é esse acervo? 

É a partir desse contexto imagético que Flora Pidner, Graduada em Geografia pela Universidade federal de Minas Gerais (UFMG) e doutora em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas mineirinha que escolheu o Nordeste pra viver, faz um estudo geofotográfico de outro mineiro, Sebastião Salgado. 

Salgado nasceu em Vila de Conceição do Capim, em Aimorés (1944) e  formou-se em Economia, mas a fotografia era sua paixão e ele não poderia deixá-la de lado. Largou um bom emprego no Banco Mundial e em 1973 se dedicou ao que amava de fato. Atualmente Sebastião Salgado vive com a família em Paris, mas não se esquece das suas origens.

Já recebeu em torno de 20 prêmios dos mais importantes do mundo e denunciou em suas obras a pobreza, a falta de uma educação digna e a desumanidade das migrações. Mas também fotografou uma mundo maravilhosamente inimaginável em Gênesis, que mostra o nosso planeta no seu aspecto mais selvagem.


Certa vez trabalhei a fotografia em sala de aula e a Flora, morando em Alagoas, fez para meus alunos um vídeo falando de sua tese e da geografia percorrida por Sebastião Salgado. Os meus alunos, que naquele momento jamais imaginaram esse mundo, ficaram fascinados e fotografaram, em P&B a escola em que estudavam, denunciando o descaso, o desperdício e também as belezas das salas de aulas. Essa aula deu frutos. Uma aluna hoje se dedica à fotografia e, como Salgado, ela vê a sensibilidade em cada imagem que captura.

Por isso, tenho o prazer de falar dessa obra que é resultado de um longo e minucioso trabalho de Doutorado.
Geofotografia é um livro que fala da geografia particular, aquela composta pelo dia a dia de cada um, de onde se vem, pra onde vai. É um livro que nos faz refletir sobre a importância da fotografia na nossa vida e na nossa leitura das coisas, lugares e pessoas.
Apesar de ser sua tese, o livro tem uma linguagem acessível e envolvente. Indispensável para quem gosta de fotografia, de Geografia e de História, mas que tenho certeza que todos irão gostar.

Conversei um pouco com Flora e ela, mais uma vez, me deu uma chance de conhecer uma pouco mais sobre esse universo:

Como foi escrever esse livro? 

- O livro é resultado da tese de doutorado. Quando escrevi a tese, já vislumbrava que dependendo da força do texto, poderia virar livro. Fiz uma adaptação e mandei pro edital da Edufba e eles aprovaram. Fiquei muito feliz porque é a materialização de muitas ideias que construí ao longo de 4 anos. Concretização de uma jornada. Mas ninguém faz nada sozinha, por isso, o projeto pesquisa-livro só foi possível devido a participação de muitas pessoas, que participaram, leram, incentivaram, me deram entrevistas, debateram comigo... Enfim, o livro é algo coletivo e isso também me alegra muito.


E como foi falar de Sebastião Salgado? 

- Falar sobre um autor que emociona é emocionante. Muitas vezes, as respostas que eu precisava era ele mesmo que me dava. O ato fotográfico dele, suas intencionalidades, suas escolhas estéticas, a intersubjetividade construída com os fotografados e com os espectadores, suas expedições Geo-fotográficas. Eram muitos temas e foi emocionante aborda-los. Até mesmo suas contradições.


E quem é a Flora depois dessa jornada do Doutoramento? 

- É claro que me considero uma Geógrafa mais madura, mas também mais tranquila para compreender que ainda há muito o que se explorar. Sobretudo sobre a relação geografia e fotografia. Geógrafos e fotografia. Fotógrafos e geografia. Estou construindo uma parceria com o fotógrafo Tacun Lecy que está cursando geografia e está sendo muito potente. A fotografia representa, documento, denuncia, critica e alimenta a utopia. A arte cumpre essa função. Então, que ela sempre nos inquiete e que a Geografia também percorra esses caminhos críticos e utópicos para construímos mundos possíveis e melhores.



Sucesso, Flora! 





quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Vida Maria

Maria é uma menina do campo. Ela tem 5 anos de idade e adorava escrever seu nome, mas sua mãe achava aquilo bobagem. 
Maria é uma personagem mais que real na sociedade brasileira. 
O Brasil tem 7 milhões de analfabetos completos, sem contabilizar os funcionais, iletrados. Mas, me apropriando de uma fala do Professor Miguel Arroyo (UFMG), que falava sobre desemprego, ouso falar que o analfabetismo tem cor, tem raça e tem gênero. 

O curta que aqui apresentamos não tem muitos diálogos, mas diz muito. No entanto, só quem tem sensibilidade, entenderá o que ele diz. A animação foi produzida em 2006, por Márcio Ramos, CE, e até o momento acumula mais de 50 prêmios nacionais e internacionais. 

Vale a pena assistir. Deixe sua opinião nos comentários.

Curta o curta!

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Os baratas de Rwanda

Não, esse post não é sobre baratas, esse animal que muitos acham asqueroso. Mas era assim que os Hutus chamavam os Tutsis, Diziam que era preciso exterminar "as baratas". Baratas essas, em comparação com um animal que causava asco. 

Hoje, 20 de novembro, dia da Consciência Negra no Brasil, vamos lembrar (ou aprender) o que foi Genocídio de Rwanda. 

Antes, é preciso saber que Rwanda, capital Kigali, é um país da África oriental , chamado de país das mil montanhas e atualmente é um país próspero, seguro, com lindas paisagens, cidades muito limpas, crescimento turístico e econômico, com curva ascendente no IDH (216 em 1995 e 158 em 2017). Você não imaginava isso, não é mesmo? 

Mas, em 1994, o país enfrentou um dos episódios mais violentos da História, com mais de 1 milhão de mortos. É o chamado Genocídio de Rwanda. 

O primeiro povo a ocupar a Rwanda foram os Twa e representavam 1% da população. Posteriormente, vieram os Hutus e representavam a maioria. Os Tutsis representavam entre 10% e 15% da população, eram basicamente pastores, enquanto os Hutus, eram lavradores, o que gerava uma diferença de classes entre eles. 

Os Tutsis pertenciam às classes mais elitizadas, mas viviam relativamente bem com as demais. Mas, tudo mudou com a chegada dos colonizadores europeus. Primeiro foi a Alemanha, que dominou a região por pouco tempo. Durante a Primeira Guerra, os germânicos perderam a posse para os belgas, que perceberam a diferença social entre os povos e passaram a usar isso a seu favor. 

Os belgas incitavam o ódio entre as classes espalhando a ideia de que os Tutsis eram superiores aos Hutus por se parecerem mais com os europeus (mas não havia diferença, eram muito parecidos! E mesmo que não fossem) e manipularam a população para que os Tutsis subjugassem os Hutus que  aumentando o rancor e sendo maioria, passaram a governar Rwanda. Por outro lado, um exército rebelde Tutsi que havia fugido para a Uganda, país vizinho, chamado Frente Patriótica Rwandesa (FPR), liderada por Paul Kagame, invade o noroeste de Rwanda e força um tratado de paz com o presidente Hutu, Juvenal Habiarimana, que aceitou o acordo, assinado na Tanzânia. Mas, na viagem de volta, o avião presidencial foi abatido por um míssil (ainda sem solução) e todos morreram. 

O atentado foi atribuído aos Tutsis e isso foi a desculpa para que os Hutus tomassem de volta o poder e começaram o genocídio poucas horas depois da derrubada do avião. Os Hutus, pelos meios de comunicação, eram chamados a matar os Tutsis e esse foi o maior massacre da história africana. 

Era uma violência generalizada. Os Tutsis eram reconhecidos pelo sua identidade, visto que naquele momento, a origem era elemento obrigatório no documento. Amigos Hutus matavam e estupravam seus amigos Tutsis, maridos matavam esposas, Tutsis, vizinhos matavam vizinhos a golpes de facas, pedras e outras armas mais simples. Em três meses, entre abril e julho de 1994, mais de um milhão de Tutsis foram mortos com o aval do governo. Nessa época, estima-se que os Tutsis eram 1,25 milhão de habitantes. 

Mas, a FPR se fortaleceu, avançou no território e venceu a guerra, dando fim ao genocídio. Milhares de Hutus fugiram para os países vizinhos. A FPR promoveu as primeiras eleições diretas para presidente em 2003 e Paul Kagame voltou ao poder e está até hoje à frente da presidência. 

Rwanda teve uma recuperação extraordinária e os termos Tutsi e Hutu foram abolidos dos documentos de identidade, nrgar o genocídio virou crime e começaram os julgamentos. O país investiu em tecnologia, produção agrícola, turismo e infraestrutura, reduziu a pobreza de 59% para 44% e hoje é um dos países mais seguros da África. A economia cresce incríveis 8% ao ano! 

Para saber mais, indicamos o filme Hotel Rwanda, que fala sobre o massacre na capital Kigali. 
Hoje, esse hotel foi recuperado e é um dos mais bonitos da cidade.


E você, sabia dessa história? 
Precisamos aprender e falar mais sobre a história desse continente tão rico e diverso. Além disso, devemos tomar muito cuidado com esteriótipos criados a partir de uma história única. 

"Mas insistir somente nessas histórias negativas é superficializar minha experiência e negligenciar as muitas outras histórias que me formaram. A “única história cria estereótipos”. E o problema com estereótipos não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem um história tornar-se a única história." 
Chimamanda Adichie, escritora nigeriana. 

TDEx completo da Chimamanda em:

https://www.ted.com/talks/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story/transcript?language=pt 






Os Estados Unidos: Breve História.