sexta-feira, 22 de novembro de 2019

GEO FOTO GRAFIA




Você é dessas pessoas que adoram fotografar tudo o que vê por aí? Adora fazer uma selfie, mas nunca pensou sobre a História da fotografia e nem na importância da linguagem fotográfica? 

O século XIX foi um período de inovações e nesse momento de intensas mudanças, de progresso e modernidade, surgem as primeiras fotografias. No Brasil, o maior fotógrafo desse período é D. Pedro II, um homem fascinado pelas imagens captadas pelas primeiras câmeras, trazidas da França. Ele deixou inúmeras fotos, que podem ser encontradas em acervos particulares e na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Ele fotografava suas viagens, obras do Império, a Família Real, a natureza brasileira e tudo o que era pertinente para ele. Imagine quão rico é esse acervo? 

É a partir desse contexto imagético que Flora Pidner, Graduada em Geografia pela Universidade federal de Minas Gerais (UFMG) e doutora em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas mineirinha que escolheu o Nordeste pra viver, faz um estudo geofotográfico de outro mineiro, Sebastião Salgado. 

Salgado nasceu em Vila de Conceição do Capim, em Aimorés (1944) e  formou-se em Economia, mas a fotografia era sua paixão e ele não poderia deixá-la de lado. Largou um bom emprego no Banco Mundial e em 1973 se dedicou ao que amava de fato. Atualmente Sebastião Salgado vive com a família em Paris, mas não se esquece das suas origens.

Já recebeu em torno de 20 prêmios dos mais importantes do mundo e denunciou em suas obras a pobreza, a falta de uma educação digna e a desumanidade das migrações. Mas também fotografou uma mundo maravilhosamente inimaginável em Gênesis, que mostra o nosso planeta no seu aspecto mais selvagem.


Certa vez trabalhei a fotografia em sala de aula e a Flora, morando em Alagoas, fez para meus alunos um vídeo falando de sua tese e da geografia percorrida por Sebastião Salgado. Os meus alunos, que naquele momento jamais imaginaram esse mundo, ficaram fascinados e fotografaram, em P&B a escola em que estudavam, denunciando o descaso, o desperdício e também as belezas das salas de aulas. Essa aula deu frutos. Uma aluna hoje se dedica à fotografia e, como Salgado, ela vê a sensibilidade em cada imagem que captura.

Por isso, tenho o prazer de falar dessa obra que é resultado de um longo e minucioso trabalho de Doutorado.
Geofotografia é um livro que fala da geografia particular, aquela composta pelo dia a dia de cada um, de onde se vem, pra onde vai. É um livro que nos faz refletir sobre a importância da fotografia na nossa vida e na nossa leitura das coisas, lugares e pessoas.
Apesar de ser sua tese, o livro tem uma linguagem acessível e envolvente. Indispensável para quem gosta de fotografia, de Geografia e de História, mas que tenho certeza que todos irão gostar.

Conversei um pouco com Flora e ela, mais uma vez, me deu uma chance de conhecer uma pouco mais sobre esse universo:

Como foi escrever esse livro? 

- O livro é resultado da tese de doutorado. Quando escrevi a tese, já vislumbrava que dependendo da força do texto, poderia virar livro. Fiz uma adaptação e mandei pro edital da Edufba e eles aprovaram. Fiquei muito feliz porque é a materialização de muitas ideias que construí ao longo de 4 anos. Concretização de uma jornada. Mas ninguém faz nada sozinha, por isso, o projeto pesquisa-livro só foi possível devido a participação de muitas pessoas, que participaram, leram, incentivaram, me deram entrevistas, debateram comigo... Enfim, o livro é algo coletivo e isso também me alegra muito.


E como foi falar de Sebastião Salgado? 

- Falar sobre um autor que emociona é emocionante. Muitas vezes, as respostas que eu precisava era ele mesmo que me dava. O ato fotográfico dele, suas intencionalidades, suas escolhas estéticas, a intersubjetividade construída com os fotografados e com os espectadores, suas expedições Geo-fotográficas. Eram muitos temas e foi emocionante aborda-los. Até mesmo suas contradições.


E quem é a Flora depois dessa jornada do Doutoramento? 

- É claro que me considero uma Geógrafa mais madura, mas também mais tranquila para compreender que ainda há muito o que se explorar. Sobretudo sobre a relação geografia e fotografia. Geógrafos e fotografia. Fotógrafos e geografia. Estou construindo uma parceria com o fotógrafo Tacun Lecy que está cursando geografia e está sendo muito potente. A fotografia representa, documento, denuncia, critica e alimenta a utopia. A arte cumpre essa função. Então, que ela sempre nos inquiete e que a Geografia também percorra esses caminhos críticos e utópicos para construímos mundos possíveis e melhores.



Sucesso, Flora! 





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